- Ele o quê?????? - berrei eu. - Quando? Onde? Como? Já ligaram à polícia? Já tentaram falar com ele?
- Nicky, acalma-te! - disse Bill, agarrando-me os braços. - Ele desapareceu ontem à noite. Disse que ia dar um passeio e ainda não voltou.
- O quê? E já ligaram para ele?
- Imensas vezes e ele não atende.
- E já ligaram à polícia?
- A polícia só faz alguma coisa 24h depois do desaparecimento, e ainda não passaram 24h.
- Oh, meu Deus! Espero que ele esteja bem!
- Está. Se ele não estivesse, acredita que eu sentia.
- Espero bem que sim.
- É óbvio que sim, somos gémeos.
Simone, a mãe dos gémeos, entrou na sala. Abraçou-se a mim, a chorar. Chorei também.
- Ele vai aparecer. Vai mesmo - afirmei eu.
- É claro que vai, mãe - disse Bill, tentando acalmar Simone.
(...)
Saí disparada da casa dos Kaulitz e comecei a andar por tudo quanto era sítio. Bill saiu de casa atrás de mim e segui-me para todos os lados. Eu andava desnorteada num sítio que nem conhecia, mas parecia nem perder o fôlego. Andei, andei, andei...
- Espera! - disse Bill, com uma respiração ofegante. Já devíamos ter andado mais de 5km.
- Espera? Espera? Como é que achas que consigo esperar?
- Calma, Nicky.
- Qual calma, qual quê! O Tom desapareceu! Mas porquê?
- Porque ele estava desesperado por não te ter. Por te ter deixado. O Tom ama-te, Ni.
O mundo caiu-me em cima. Um arrepio percorreu-me o corpo, um nó no estômago e outro no peito. A minha respiração era ofegante. Doíam-me os pés, as pernas...todo o corpo. Sentia um peso enorme em cima de mim. Mas a vontade de ter o Tom era maior. De repente, o telemóvel do Bill toca.
- É a minha mãe - disse ele.
"Se calhar o Tom já apareceu", pensei para mim.
***Ao telefone***
Bill: Estou?
Simone: Bill, a polícia encontrou o Tom.
Bill: Então, onde é que ele está?
Simone: Ele escondeu-se dentro de um prédio abandonado, mas o...*começou a chorar*
Bill: Calma, mãe, respira. Fala agora.
Simone: O prédio ruiu. Ainda não sabem nada dele.
Bill: Oh, meu Deus. Onde fica esse prédio?
Simone: Ao pé do parque aquático. Eu e o Gordon estamos a ir para lá agora.
Bill: Eu e a Nicky apanhamos um táxi e vamos lá ter.
Simone: Não precisam. Se quiserem vão para casa, nós depois ligamo-vos.
Bill: Nem pensar, nós vamos.
Simone: Como quiserem. Tomem cuidado. Até já.
Bill: Até já.
***************
- Então? - perguntei eu ansiosa.
- O Tom foi encontrado num prédio abandonado que...ruiu.
- O quê? Vamos já para lá.
(...)
O prédio estava completamente destruído. Parecia que tinha sido demolido. Eu fui a chorar o caminho todo mas quando cheguei lá foi pior.
- Mas porquê? - berrei eu, tapando a cara com as mãos.
- Calma, Ni... - senti as mãos quentes e suaves do Bill repousarem nos meus ombros.
- Calma, Bill? Calma? Mas o que é que deu na cabeça do Tom para ele se meter dentro de um prédio abandonado?
- Nós vínhamos para aqui brincar quando éramos pequenos. Às vezes fugíamos para aqui. Sempre nos avisaram que o prédio estava velho e podia ruir, por isso nunca mais cá viemos. O Tom estava demasiado triste, precisava de se refugiar. Com certeza veio aqui porque este lugar nos fazia sentir bem.
- Fazia, já não faz. E agora? Agora diz-me como é suposto eu encarar que o Tom pode até ter...
- Não digas o resto, por favor. Eu quero pensar positivo. Ele pode apenas ter umas feridas ou assim. Eu sou muito pessimista, mas há que ser optimista nestes momentos. Vamos tentar, ok?
- Ok, Bill. Vou fazer um esforço...
Tentei permanecer optimista pelo Bill. Por dentro, eu sentia que o Tom estava vivo. Se ele tivesse morrido, eu teria sentido. Mais que eu, o Bill.
Entretanto, começaram a chegar carrinhas da imprensa. Vieram falar comigo e com o Bill, mas nós mandámos todos embora e pedimos reforços de segurança. Apenas deixámos que noticiassem o acontecimento, mas recusámo-nos a falar.
(...)
Começaram a chegar ambulâncias e mais bombeiros. Ouvia sirenes e via as suas luzes que me ofuscavam os olhos. Ouvia e via imensas pessoas (algumas delas eram fãs da banda), via câmeras de televisão, via repórteres...do edifício saía fumo e estava tudo absolutamente destruído. Vários corpos de bombeiros entravam lá dentro.
Lembrei-me, outra vez, por segundos, em como aquilo é que é ser corajoso. É uma profissão de risco e de pessoas de grande coração. Afinal, os bombeiros arriscam todos os dias a sua vida por alguém desconhecido. Devemos muito aos bombeiros.
A confusão deixa-me mole e o choro faz-me sentir fraca, mal consigo abrir os olhos. Comecei-me a sentir fraca, mole, sem forças, desesperada. Meti a mão na testa com os olhos semicerrados e a boca entreaberta. Comecei a ver tudo escuro. Senti-me rodopiar e cair. Mas não me lembro de mais nada.
******
Bill notou algo cair do seu lado enquanto mirava, pela milionésima vez o edifício destruído. Olhou para o chão e viu Nicky caída, de olhos fechados. Apressou-se a pedir ajuda a uma enfermeira de uma das ambulâncias.
Levaram Nicky para dentro da ambulância onde a deitaram numa maca, lhe deram oxigénio e onde ela permaneceu até acordar.
******
Fui abrindo os olhos, devagar. Apenas via a cara do Bill e de uma mulher com uma farda do INEM.
- Como se sente? - perguntou a enfermeira.
- Onde estou? - perguntei eu.
- Na ambulância. Desmaias-te - respondeu Bill.
- O Tom? - perguntei eu, tomando um pouco mais de consciência do que se passava à minha volta. Do lado de fora, ouvi mais confusão que antes. Pensei que estava a ouvir o barulho com mais intensidade por só agora dar conta do sucedido. Mas eu e o Bill olhámos para o lado de fora da ambulância e vimos o Tom, com dois bombeiros, enrolado numa manta, com algumas manchas pretas do fumo, a coxear e cheio de feridas.
- Tom! - gritei eu com as poucas forças que me restavam.
Saí disparada da ambulância, ainda a cambalear. Abracei-o com toda a minha força. Ele fez-me um sorriso um pouco esforçado.
- Nicky... - disse ele, abraçando-me com a pouca força que tinha.
Sentir de novo o seu corpo junto ao meu, as suas mãos tocarem-me, a sua voz dizer o meu nome...era tudo fantástico. Parecia tudo surreal, depois do sucedido.
- Que fazes tu aqui? - perguntou-me ele.
- Eu amo-te, Tom. E quero ficar contigo.
- Eu também te amo, Ni...
- Nunca mais me faças isto, estúpido...
- Estúpida...
- Estúpido-mor...
- Ok, ganhas-te. - os dois rimos. - E agora?
- Agora vais para dentro da ambulância.
- Não é isso...eu e tu...?
- Eu e tu...já dá... - respondi eu com um sorriso, que foi retubuído.
Colocou as suas mãos na minha cara e puxou-me mais para ele. E assim, beijou-me.
THE END \o/
sábado, 24 de maio de 2008
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