sábado, 24 de maio de 2008

Eu e tu...não dá [Capítulo 20]

- Nunca é tarde, Tom. Nunca. Será que tu nunca tens esperança para nada? Onde foi o teu lado optimista?
- Ni, eu...
- Ok, se tu não falas, falo eu. Eu ando a evitar o inevitável. Sabes porquê? Porque tudo o que tu quiseste durante esta digressão, aposto que era apenas curtir comigo. Mas eu, Tom, eu não funciono assim. E sabes qual é a verdade? É que chorei anos e anos por ti. É que sacrifiquei a minha vida por ti. Fiquei anos em que podia ter curtido a vida à espera de quem nunca poderia retribuir o que eu tenho para dar. E sentia-me feliz ao teu lado na digressão, e sentia-me bem como nunca. Eu queria acreditar em ti, mas as coisas que me dizes, parecem impossíveis! E tu mudas-te por completo a minha vida, sabes? E durante tempos e tempos não soubeste o efeito que tinhas em mim. Não soubeste tudo o que eu sentia. E durante toda a digressão tive que te evitar porque só te queria beijar quando isso tivesse o significado para ti que tem para mim. E fiquei tempos e tempos a amar-te sem tu saberes, para isto. Para tu me dizeres que me amas, e eu ficar meses sem agir, ao pé de ti, mesmo querendo acreditar. E quando finalmente acredito, tu dizes-me que é demasiado tarde. Não achas que dói? - ele olhou-me espantado. - Sim, Tom...eu amo-te.
- Nicky, agora ouve-me a mim. Eu quando te vi, tive uma sensação estranha, logo no dia em que te conheci. Eu fui percebendo que não eras uma miúda como as outras. Tu és tudo aquilo que eu queria e nunca tive. Sabes porque sempre fui à base de curtes? Porque nunca tive ninguém para amar, nem ninguém que me amasse a mim. E tu...tu és tudo aquilo que eu quero. E se nos tivéssemos relacionado durante a tour, tinha feito o mesmo significado para os dois, acredita. Eu tentei explicar-te mil e uma vez o que sentia por ti. Tentei fazer tudo para chamar a tua atenção, tudo para perceberes que me mudaste. Tu fizeste-me ficar diferente. Agora eu sei o que é o amor. Eu sei o que é amar. Porqueeu, Nicky...eu também te amo.
Sorri, agarrei-o e beijámo-nos intensamente. A chuva, naquele momento, era apenas um pormenor. Não fazia a mínima diferença para nós. Ele era tudo para mim. Absolutamente tudo. Deixei-me levar. Senti que nunca mais precisava de ter medo de nada. Sentia que ao lado dele estava segura...e nos braços dele, fiquei feliz.

(...)

O Tom tinha de voltar para a Alemanha.
- Entendes agora porque tinha medo? Esta era outra razão... - disse-lhe eu. - Agora, vai cada um p'ra seu lado de novo.
- Não quero que seja assim... - pela primeira vez, vi uma lágrima rolar no rosto do Tom. Nunca pensei ver isso.
- Eu não posso sair daqui agora. Tenho a minha carreira, tu tens a tua. Eu tenho a minha vida, e tu a tua.
- Podíamos estar juntos...o problema é as bandas.
- Exactamente. Mas eu prometo, quando puder, eu vou para a Alemanha. Isto é, se ainda gostares de mim. Mas vamos falando.
- É claro que vou gostar. Nem sei se volto a amar assim.
- Não sejas tonto. É claro que vais. Mais que isto até.
- Não, Ni. Não...

(...)

Ele partiu. Mais uma vez, ficámos despedaçados...os dois. Cheguei a casa, absolutamente de rastos, tentado conter as lágrimas.
- Olha lá, és parva? - perguntou-me a minha mãe.
- O quê?
- Porque é que não pegas nas malas e no tanto dinheiro que já tens da banda, e vais para a Alemanha?
- Tu...tu...deixas?
- Filha, vai! O que te prende aqui?
- A banda, mãe.
- Pensa no que é mais importante para ti. Descansa um bocado e reflecte sobre o assunto.
A minha mãe abandonou o quarto e eu deitei-me sobre a cama. Chorei um bocado e também sorri, lembrando-me da minha história com ele. Que fazia eu? Ficava e continuava a minha vida e carreira, ou deixava os fãs e a vida que tinha e ia atrás do amor verdadeiro?

(...)

O barulho do avião incomodou-me a princípio, mas depois acostumei-me. A viagem foi calma. E cheguei ao destino, sem o Tom saber. Apanhei um táxi e fui até sua casa. Subi até ao alpendre e bati à porta. Bill veio abrir. Lancei-lhe um enorme sorriso, ao qual lhe custou retribuír. Percebi de imediato que alguma coisa se passara.
- Que se passa? - perguntei. Ele manteve-se em silêncio. - Bill, eu perguntei-te uma coisa. Que se passa?
- Eu...quer dizer...o Tom...
- O que tem o Tom?
- Entra, Ni.
Entrei e pousei as malas no chão. Ele pediu que me sentasse e eu assim o fiz.
- O que se passa com o Tom? Ele já não gosta de mim?
- Não é isso. Há dois ou três dias atrás ele amava-te, e agora não é diferente. Mas...o Tom...
- Desembucha, pá! Tás-me a deixar nervosa!
- Ele...desapareceu.

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