terça-feira, 20 de maio de 2008

Eu e tu...não dá [Capítulo 16]

- Tom, desculpa...eu não me posso deixar levar de novo...
- Eu entendo...
- Entendes?
- Sim. Eu percebo-te. Ontem explicaste-me. Eu não faço nada contra a tua vontade. Mesmo que seja essa a minha vontade... - disse ele, passando o seu dedo nos meus lábios. Mordisquei-lhe o dedo e sorri.
- Hey, porque fizes-te isso? - manifestou ele.
- É saboroso! - respondi eu com um sorriso.
- Ai é? - perguntou ele retribuindo o sorriso.
Logo de seguida, começou a fazer-me cócegas. Tive um ataque enorme. Ele estava em cima de mim, com uma perna de cada lado das minhas ancas e eu contorcia-me das cócegas que ele me fazia. Às tantas, eu já chorava de tanto rir e não aguentava mais. Ele pôs os braços, um de cada lado da minha cabeça e aproximou a sua cara.
- Desistes? - perguntou.
- Sim...mas não deixa de ser saboroso... - respondi eu. Os dois rimo-nos.
Mas depois do riso, instalou-se o silêncio. Voltámos a olhar-nos nos olhos fixamente. Eu fitava os seus lábios com desejo e tinha medo de fazer o que não queria de novo. Eu tinha de resistir. Ele podia ser tudo aquilo que eu queria, mas eu tinha de resistir, ou sairía magoada de novo. Não queria o ambiente tenso de volta. Era algo que eu jamais iria querer passar de novo. Mas, Deus...os lábios dele, livres para mim...o seu corpo, pertíssimo do meu...os seus olhos, vidrados em mim...que podia eu pedir mais? Se não fosse tão burra, talvez vivesse o momento.
- É impossível... - murmurei eu.
- O quê?
- A maneira como...eu sempre te quis ao meu lado, e agora tenho de te rejeitar...
- Tens ou queres?
- Tenho...tenho, Tom...tenho...
Ele saiu de cima de mim e entretanto ficámos os dois a jogar consola. Às tantas, estávamos cansados do jogo e resolvemos ver um filme.
- Que filmes há por aqui? - perguntei eu.
- Aqui, assim de repente, só vejo um novo que o Bill comprou. Se é do Bill tem romance, de certeza!
- Queres meter?
- Sim, até gosto de filmes românticos, de vez em quando. Desde que metam sexo pelo meio - respondeu ele com um sorriso maroto.
- Mete a dar, pode ser que tenha.
Ficámos os dois a ver o filme, deitados na cama dele, que tinha uma pequena televisão com DVD à frente. Ele estava deitado atrás de mim e eu estava no meio das suas pernas, com a minha cabeça encostada ao seu peito. O filme tratava-se de um rapaz que só queria curtir, mas apaixonou-se. A rapariga de quem ele gostava também gostava dele, mas ela não queria nada com ele, pois tinha medo de sair magoada. Parecia mesmo a nossa história. Minha e do Tom. Estava cansada, de não ter dormido muito a noite passada, e quase no fim do filme, adormeci. Acordei então com a voz do Tom.
- Nicky... - dizia ele, baixinho, enquanto passava levemente os seus dedos pela minha cara.
- Han? - murmurei eu, abrindo os olhos.
- Olha, ficas linda a dormir, mas tenho de te acordar - disse ele com um sorriso. - Daqui a pouco temos de ir fazer o soundcheck. E o filme já acabou...
- Eu adormeci?
- Sim.
- E como acabou o filme?
- Eles ficaram juntos. Ele conseguiu convencê-la de que a amava mesmo, e ficaram juntos.
- Lindo. Mas tu deves achar piroso.
- Por acaso, adorei o filme. O filme e a companhia.
- Sim, a tua companhia que adormeceu.
- Não importa. E fixei-me mais em ti a dormir do que propriamente no filme... - disse ele com um sorriso.
- Fico ainda mais com cara de parva.
- Não, não ficas. Não sejas tonta. Mas prefiro que estejas acordada. Ao menos sempre podes falar comigo. Ou ter outro tipo de acções - disse ele com um ar mais que maroto.
- Parvo... - reclamei eu e dei-lhe com a almofada na cara.

(...)

Passou o dia, passou o concerto (que por sinal, foi maravilhoso) e nós (Sweet Sorrow) víamos o concerto do backstage. Tom correu para Bill e segredou-lhe algo ao ouvido. Bill sorriu. Tom afastou-se de novo. Virou-se para mim e lançou-me um enorme sorriso. Não percebi o porquê, mas retribui. Bill começou a falar com as fãs:
- Bom, esta noite, gostávamos de relembrar com vocês uma música que já tocámos aqui em Sevilha, noutra digressão. Curiosamente, tocámos essa música neste pavilhão. Ainda me lembro... e para cantar essa música conto com vocês e com uma participação especial de alguém que se arrepia totalmente quando a ouve...e chamo ao palco para cantar comigo, a Nicky!
O quê? Eu tinha entendido bem? Fiquei chocada! O Bill chamou-me ao palco para cantar com ele! Mas que música seria? E se eu não soubesse a letra? Que barraca! Fiquei sem reacção. O Tom veio ao pé de mim e puxou-me por uma mão. Arrastou-me até ao pé do Bill. Este pôs o seu braço em volta dos meus ombros e eu agarrei-o pela cintura. Um técnico de som veio dar-me um micro.
- Para vocês e com vocês, eu e Nicky a cantar...Ich bin nich' ich! - exclamou ele.
Oh, mein gott! Como é que ele sabia que eu me arrepiava com aquela música? Olhei de súbito para o Tom, sem saber bem o porquê. Ele lançou-me um sorriso. Percebi que tinha sido ele.

****Flashback
- Diz-me uma música para eu cantar para ti... - sussurou ele ao meu ouvido.
- Fazias isso?
- Sim...
- "Ich bin nich' ich"...
- "Ich bin nich' ich wenn du nich' bei mir bist...bin ich allein...und das was jetzt noch von mir übrig ist...will ich nich' sein...draußen hängt der Himmel schief und an der Wand dein Abschiedsbrief...ich bin nich' ich wenn du nich' bei mir bist...bin ich allein"...
****

Tinha sido definitivamente ele. Eu e o Bill começámos a cantar. Cantei tudo do princípio ao fim, com um grande sorriso no rosto. Dei o meu melhor. O Tom, de vez em quando, aproximava-se de mim a tocar e até cantou comigo e com o Bill! Foi lindo! Depois da música, fiz uma vénia ao público, despedi-me e voltei para o backstage a correr onde a minha banda me esperava com grande animação. Ficámos a ver o resto do concerto dali. Sentia-me mesmo bem. Aquilo foi muito, muito bom!

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