Acordei ao som do despertador do telemóvel do Tom.
Tom acordou, esfregou os olhos e alcançou o telemóvel, parando o alarme.
- Nove e meia... - disse ele.
- Bom dia também para ti - disse.
- Bom dia, Engel.
Beijou-me e levantou-se. Levantei-me também. Entrámos na casa de banho ao mesmo tempo.
- Hey, eu quero tomar banho - disse eu.
- Está bem - respondeu com um sorriso. - Força nisso!
- Ainda estás aqui... - disse, cruzando os braços.
- Tipo que eu nunca vi o teu corpo, Nicky Maria.
- Quem és tu para me chamar Nicky Maria, Tom Alexandre?
- Ninguém, Nicky, ninguém...como queiras, eu visto-me no quarto e despacho-me em casa. Vejo-te na escola.
Aproximou-se e beijou-me.
- Quer dizer, vais à escola? - perguntou.
- Não sei. Ainda tenho de falar com a minha mãe. Mas depois aviso-te.
- Ok, Ni. Até logo, então.
- Até logo - respondi.
Entrei no duche e fiquei ali montes de tempo. Precisava de mandar alguns pensamentos e algumas más energias para o ralo. Precisava que a água lavasse a tristeza. O meu pai estava lá comigo e queria que eu fosse feliz. Só isso, dava-me razões para continuar. Ainda por cima tinha o Tom, o rapaz mais perfeito de sempre.
Ao estar vestida, desci para o piso de baixo, na esperança de encontrar a minha mãe e de comer uma tigela de cereais. Entrei na cozinha e vi logo a minha mãe. Estava a fazer torradas.
- Bom dia - disse-lhe. Beijei-lhe a testa.
- Bom dia, filha. O Tom já saiu.
- Sim, eu sei. Ele disse que ia a casa preparar-se para ir para a escola.
- Inês, eu não vou trabalhar hoje. Portanto se quiseres, também não precisas de ir à escola.
- Mãe, eu não queria faltar. Sabes que eu...fiquei de rastos, claro. Mas eu sinto que o pai não se foi embora. E sei lá...
- Não foi, ele fica sempre do teu lado para te proteger.
" Foi exactamente isso que ele me disse ontem! ".
- Eu sei, mãe. Mas o pai não ia querer que eu parasse a minha vida. Portanto eu vou à escola. Também só tenho Alemão e Educação Física.
- Tu é que sabes se te sentes à vontade. Eu tenho que ir até casa da tio e da tia e depois tenho de fazer os telefonemas que me ficaram a faltar ontem. Não liguei à parte da família de Portugal.
- Ok. Eu vou comer e vou para a escola, então.
- Ok, meu amor.
Comi, escovei os dentes, peguei na mala tiracolo e subi a rua até à casa do Tom. A mãe dele veio abrir a porta.
- Olá - disse eu, com um pequeno sorriso triste.
- Bom dia. Posso ajudar? - perguntou a mãe dele.
" Claro, ela não te conhece. Nunca vieste cá a casa, oh inteligência! ".
- Creio que sim. O Tom está?
- Está, sim. Está na cozinha a acabar de comer. Quer entrar e esperar por ele?
- Sim, obrigada.
A mãe dele afastou-se e deixou-me passar. Entrei, um pouco envergonhada.
- Pode sentar-se. Fique à vontade. - disse-me. - Eu sou a Simone, já agora.
- Obrigada, D. Simone. Eu sou a Inês.
- Inês? A menina é portuguesa?
- Pode tratar-me por tu. Não, mas a minha mãe é angolana e viveu lá muitos anos e...bom, lá fala-se português. Depois veio para cá, conheceu o meu pai, casaram e...eu nasci.
- Muito giro. Então você tem descendências alemãs e angolanas?
- Exactamente. - afirmei.
- Engel! - exclamou Tom, saíndo da cozinha.
Fitei-o com um pequeno sorriso.
- Mãe, é a Inês, mais conhecida por Nicky. Nicky, é a minha mãe.
- Já tivémos o prazer de nos conhecer - disse Simone.
- Já? Ainda bem. - afirmou Tom. - Mãe, sabes que...bem, a Nicky é a minha namorada.
domingo, 24 de agosto de 2008
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