Era um sítio vazio, estranho. Caminhei um pouco. Nem foi preciso caminhar mais, ele vinha na minha direcção. Ele...o meu pai. Caminhava com os seus passos largos e discretos, vindo gentilmente na minha direcção.
Tentei alcançá-lo. Abracei-o com todas as minhas forças e sorri ao sentir de novo os seus braços rodearem-me.
- Vou ter saudades tuas - disse-lhe.
- Não precisas de ter. Eu estou sempre contigo. - disse-me. - Onde quer que vás, eu vou estar contigo, vou estar do teu lado. E vou proteger-te sempre, Engel.
Fitei-o.
- O Tom também me chama Engel - disse eu com um sorriso tímido.
- Eu sei. E eu também te chamava sempre quando eras pequena - disse, sorrindo. - Nunca sintas que não estou contigo, porque estou. E todas as noites poderás sentir o meu abraço outra vez.
- Obrigada por estares aqui, pai.
- Como deves calcular, gostaria de estar presente fisicamente na tua vida.
- Eu também. Mas desde que saiba que estás lá...
- Inês, tenho de ir. Mas tenho uma coisa a dizer-te.
- O quê, pai?
- Confia nas pessoas mais próximas de ti. Vais entender o que te digo.
- Mas, pai...
Depressa se desvaneceu. Fiquei sem perceber o que me tinha dito. Senti-me cair para trás e depois...foi como se algo entrasse dentro de mim, me fizesse pressão no peito e me fizesse estremecer. Bruscamente, abri os olhos, levantei o meu tronco e levei a mão ao peito. A minha respiração era ofegante e eu estava transpirada.
Tom acordou preocupado e assustado com a minha reacção.
- Que se passa? - perguntou, assustado.
- Nada...foi só um sonho - respondi.
- Olha para o teu estado! Com que sonhaste?
- Com o meu pai.
- É normal...mas foi mau, o sonho?
- Não, ele só conversou comigo. Mas depois senti algo estranho ao acabar o sonho. Foi como se durante o sonho a minha alma tivesse ido embora e depois regressasse, fazendo pressão no meu peito para entrar de novo no meu corpo. Foi estranho, Tom. Muito estranho...
- Calma, Engel, foi só um sonho.
Acariciou-me a cara.
- Vou só à casa de banho. - disse eu.
Levantei-me e dirigi-me à casa de banho. Limpei o suor com uma toalha e lavei a cara. Voltei mais fresca e muito mais calma para a cama.
- Estás mais calma? - perguntou Tom.
- Estou. - respondi. - E tu já devias estar a dormir. Desculpa, não te queria assustar.
- Não tens culpa, não pudeste controlar. Anda cá...
Chegou-se mais a mim e voltámos a ficar com os corpos colados. Virei-me ao contrário.
- Que seria de mim sem ti? - perguntei, acariciando-lhe a cara.
- Hum...não sei - respondeu com um sorriso.
- Nem eu - afirmei sorrindo também.
" O teu pai morreu e mesmo assim consegues sorrir. É o Tom que te faz isto? Wow, ele é bom! (Dos pés à cabeça xP) ".
- Obrigada por tudo - agradeci.
- Eu é que tenho de agradecer por existires, Ni.
Beijei-o apaixonadamente.
- Até amanhã - disse-lhe.
- Dorme bem, Engel.
Voltei a ficar de costas para o Tom para que ele envolvesse outra vez a minha cintura com o seu braço e os nossos corpos ficassem completamente colados. Fechei os olhos e rapidamente adormeci de novo, colada a ele.
sábado, 23 de agosto de 2008
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