Entrei em casa. Subi ao piso de cima. Entrei na casa de banho, despi-me e meti-me dentro do duche.
Deixei a água correr quente sobre o meu corpo. Sentei-me na banheira e deixei-me ficar ali. A água não parava de correr. Fiquei durante um bocado numa espécie de transe. Ao recuperar, levantei-me e tomei banho.
Ao sair do chuveiro, enrolei-me numa toalha, peguei nas minhas roupas e fui até ao quarto. Escolhi um pijama confortável e um pouco quente. Eu era sempre muito friorenta. Voltei à casa de banho e sequei o meu cabelo. Depois fitei-me a mim própria no espelho. Ao princípio, achei-me miserável e inútil por não conseguir fazer nada com o meu pai. Depois achei-me a pessoa mais sortuda do mundo por ter o Tom a meu lado. E voltei a sentir as energias positivas que ele me trazia. O optimismo, os sorrisos, a felicidade. Apanhei o cabelo e acordei da minha distracção.
Desci para o piso de baixo. A minha mãe estava deitada no sofá, desatenta à televisão, como é óbvio.
- Podes ir tomar banho, já estou despachada - disse-lhe com a voz ainda meia rouca do choro.
Levantou-se do sofá. Passou por mim e deu-me a mão. Mas conforme foi andando, fez com que as nossas mão se separassem.
- Queres que prepare alguma coisa para comer? - perguntei-lhe.
- Não é preciso, não tenho fome - respondeu-me.
- Tens de comer, mãe.
- Eu sei, mas eu já arranjo alguma coisa.
- Ok, tu é que sabes.
Entrei na cozinha e abri o frigorífico. Não me apeteciam coisas frias. Fui ver na dispensa e também não me apetecia nada. Apenas agarrei um pacote de bolachas de chocolate e um pequeno pacote de sumo e fui até à sala. Enrosquei-me no sofá e pousei o sumo. Abri o pacote das bolachas. Fui comendo e passando os canais de televisão. Não aparecia nada de jeito para ver. As únicas coisas que me passavam pela cabeça era o meu pai, as palavras do médico, aquele hospital, a quebra da minha mãe...e por outro lado as palavras do Tom, o seu conforto, os seus beijos, a sua presença.
Passado algum tempo subi ao quarto. Eram quase onze da noite. Achei que o Tom ainda devia estar acordado.
Marquei o seu número no telemóvel e liguei-lhe. Não tardou para que ele atendesse:
- Olá, Engel!
- Olá... - respondi ainda com a voz a fraquejar.
Enroquei-me mais na cama. Sabia bem uma cama quente, um lugar confortável e a voz doce do Tom, depois de tantas emoções.
- Estás melhor? - perguntou-me.
- Mais ou menos. Sobrevivo. E tu, como estás?
- Estou melhor agora que estou a ouvir a tua voz. Comeste?
- Umas bolachinhas e um sumo...
- Achas que isso é alimentação?
- Eu como mais amanhã de manhã. Agora não tenho fome.
- Pronto. Mas comes mesmo, não comes?
- Como, Tom. Juro que como.
- É que se não comes, vou aí e comes-me a mim! - disse em tom de troça.
Ri. Um riso depois de tantas emoções. Um riso sincero.
- Bem, vou deixar-te dormir. - disse-me.
- Quero dormir contigo outra vez...
- Se eu estivesse aí ainda dormias menos! - disse, rindo.
- Não. Adormecia logo ao pé de ti. A cama 'tá tão fria...
- Oooh, pobre Nicky!
- Estou a falar a sério, rastafari!
- Não desmenti, parvinha. Mas vá, dorme lá.
- Até amanhã.
- Até amanhã, Engel. Amo-te.
- Eu a ti.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
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