quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Loving you twice - Capítulo 31

Cheguei ao hospital de manhã cedo, acompanhada pela minha mãe.
Sentámo-nos na sala de espera. Aquela fria sala de espera que começava a soar familiar, ao fim de tantas horas e tantas emoções vividas ali.
A meio da manhã ainda não sabíamos de nada. Tom chegou à sala de espera. Dirigiu-se a mim e abraçou-me. Beijou-me ao de leve e cumprimentou a minha mãe. Logo de seguida, sentou-se do meu lado. Ficámos à espera de novidades.
- Comeste, não comeste? - perguntou-me Tom.
- Comi, sim. Tomei um pequeno almoço decente. Comi cereais e um iogurte. Sei que só ficavas satisfeito se eu tivesse comido uma feijoada, ou assim. Mas juro-te que comi bem. - afirmei.
- Pronto - riu. - Se bem que a feijoada era melhor...
Ri. Até a minha mãe soltou um pequeno riso. Era incrível como ele me fazia rir em momentos como aquele.
Passado um bocado veio o médico que tinha diagnosticado o meu pai no dia anterior e disse que o meu pai iria entrar para a sala de operações.
Iríamos ter de ficar mais um bocado grande à espera. O médico aconselhou que fôssemos almoçar a casa, não valia a pena ficarmos ali por um tempo indeterminado à espera do fim da operação. Neguei e disse que queria ficar ali até ao fim da operação. O médico teve de se limitar a concordar, a decisão era minha. Afastou-se e partiu para a sala de operações.
- Eu vou ver o que se come aqui nas redondezas - disse a minha mãe.
- Vais sozinha? - perguntei.
- É melhor. Vocês ficam aqui. - respondeu.
- Não. Eu vou lá fora ver o que há e vocês ficam aqui. Eu vou num pé e volto noutro. - surgeriu Tom.
- Vais ao pé coxinho? - perguntei, brincando.
A presença dele fazia-me sentir mais bem-disposta. Fazia-me pensar que o meu pai não estava a ser operado, ou que estava mesmo e estava tudo a correr bem.
- Vou, sim - disse ele com um sorriso trocista.
- Bom, vai lá então - concordou a minha mãe.
Tom saiu da sala de espera ao pé coxinho. Já à porta, olhou para mim e riu.
Ri com a sua atitude. Era incrível aquele rapaz.
" Tão estúpido, mas tu gostas tanto! ".
Não tardou que ele aparecesse com um saco de plástico, a entrar pela porta da sala de espera com um sorriso.
Aquele sorriso que iluminava até a sala mais escura. Aquele sorriso que me fazia sorrir também. O sorriso que só ele tinha e só ele sabia como utilizá-lo.
Chegou ao pé de nós e disse:
- Não sabia bem do que gostavam, mas o melhor que se arranjou aqui ao pé foi comida chinesa.
- Eu adoro comida chinesa! - disse, espreitando para dentro do saco.
- Eu também gosto. Obrigada, Tom. Quanto foi? Eu dou-te o dinheiro. - disse a minha mãe.
- Não é preciso. - afirmou Tom. - Ainda bem que gostam.
- Tanta comida que trouxeste, rapaz! - exclamei vendo os pacotes de comida chinesa.
- Bem, não queremos que ninguém passe fome - disse, rindo.
Abrimos o saco. Tirámos de lá de dentro os pacotes rectangulares, abrimo-los e comemos com os típicos pauzinhos chineses.
- Estava delicioso! - exclamei, pousando a mão na barriga, ao acabar.
O meu estômago estava empanturrado de massas e gambas!
- Claro, fui eu que trouxe - disse Tom, convencido.
- Mas não foste tu que fizeste - respondi de imediato.
- Mas se eu não tivesse trazido, não tinhas comido!
- Tinha sim, porque a minha mãe ia buscar.
- E será que trazia comida chinesa?
- Não sei, mas ao menos eu tinha almoço!
- Querem parar? - perguntou a minha mãe.
" Que estúpida que tu és, Nicky! O teu pai a ser operado, a tua mãe toda nervosa e tu a discutir parvoeiras com o Tom! ".
Fitei Tom. Ficámos um pouco envergonhados. A minha mãe não olhava para nós. Só ficava atenta a qualquer médico/a ou enfermeiro/a que nos pudesse dizer o que se estava a passar.
Não tardou a aproximar-se um médico para falar connosco.
" Algo está errado. ", pensei. " É muito cedo para ter acabado uma operação como esta ".

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