quarta-feira, 16 de julho de 2008

Longe do mundo, perto de ti - Capítulo 2

Era um dia normal, não tão normal quanto isso. A minha explicadora tinha ligado a avisar que não vinha porque o filho tinha ficado doente.
Resolvi fazer o que eu sempre fazia quando isso acontecia...
Liguei o radio e para a minha felicidade estava a dar aquela música!
Pus logo em altos berros! Eu tenho o estranho hábito de sempre que está a dar uma música especial eu vou para a janela e canto-a para o “mundo” ouvir! Com os cotovelos apoiados na janela e as mãos no queixo, lá estava eu, a cantar como se não houvesse amanha.

Até que ouço muito baixinho, uma voz a acompanhar.me.
Parei de imediato! Muito assustada, corri para baixar o volume e voltei a janela.
Eu já pensava que seria um velho a refilar por ter o radio no volume tão alto!
Gritei a olhar para todas a janelas ao lado da minha:

- Desculpe! Desculpe! Eu não queria incomodar! Eu já estava mesmo a abaixar o vol...
- Não incomodas! Desculpa atrapalhar.te...Cantas muito bem! – interrompeu.me-
- A tua voz não me é estranha!
- Pois...não deve ser...És a?
- Mariana...e tu és o?
- Bill...Costumas sempre cantar assim, na janela?
- Eu..eu...eu tenho que ir embora! Por favor! Não contes nada disto ao meu pai!
- Espera!
- Sim...
- Eu não sei quem é o teu pai! Por favor, fica mais um bocado! Mudei.me ontem pra cá e não conheço nada aqui desta zona...podias mostrar.me!
- Não!
- Não queres?
- Não...não posso!
- Ok...obrigada na mesma. – disse desapontado. –
- Mas olha la! Falas assim comigo de repente, pedes.me para mostrar a zona...quem és tu afinal?

Passaram.se alguns segundos e ele não respondia...

- Então? Não dizes na...

Antes mesmo que eu acabasse a pergunta ouvi a campainha tocar.
Abri a porta e estava la um rapaz especado a olhar pra mim com um grande sorriso e a mão estendida. Ele era alto, tinha um grande cabelo espetado, um sorriso encantador e um olhar muito profundo...Fiquei uns segundos a olhá-lo de cima a baixo, um bocado impressionada...

- Ola!
- Olá...vizinho?
- Assim já podemos falar melhor.
- O meu pai não me pode ver a falar com ninguém! Se ele me apanha!
- Tem calma...Eu reparei que estavas a cantar aquela musica!
- Sim...Eu adoro aquela musica! É linda!
- Haha obrigado!
- Obrigado?
- Sim...tu...tu não me conh...esquece!
- Diiiz!
- Não...esquece! Sabes, a banda que toca esta música vai estar amanhã a tarde num bar aqui perto. Podias aparecer!
- Não...
- Vá la! É só um dia!
- Eu não posso sair de casa!
- Porquê?
- O meu pai não me deixa...
- Porquê? – Perguntou um pouco indignado. -
- Porquê tantas perguntas!? Não me conheces nem a 10 minutos!
- Desculpa...eu também não sei porque estou a chatear-te tanto, mas queria mesmo que fosses!

Ele olhou-me duma forma tão profunda e sincera...não pensei duas vezes e disse:

- Ok, eu vou! Onde fica esse bar?
- Está aqui a morada. – Entregou-me um papelinho amarrotado. - Fico a tua espera!

Fez um grande sorriso e foi embora a olhar para trás.
Fechei a porta, fui para o meu quarto e não saí de la.
Nem dei pelo meu pai a chegar, passei a noite toda a pensar no que tinha acontecido.
Não conseguía perceber o porque de tanta insistência a dele! E percebia ainda menos a minha reacção as perguntas dele... Não era suposto eu ter dito que ia! Aliás!
Nem era suposto eu ter ficado a conversa com ele a porta! Se o meu pai descobre...
Não sei como nem porquê mas eu simplesmente não consegui pensar bem no momento...aquele sorriso...aquele olhar...parecia que eu era forçada a dizer que sim.

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