Enquanto estava sentada no meu cantinho, escrevendo no meu caderno, aparece Tom e senta-se ao meu lado.
- Olá - disse-me, sacundido as mãos.
- Olá, Tom - disse eu, olhando para ele com um sorriso escondido. Tom riu.
- Felizmente já não me chamas Kaulitz. Que andas a escrever?
- Letras, Kaulitz, letras! - disse, rindo.
- Oh, não vale. Chamaste-me Kaulitz só porque eu disse!
- Tens toda a razão, Kaulitz.
- Páras com isso?
- Claro, Kaulitz. Como o Kaulitz quiser!
Tom atirou-se para cima de mim a fazer-me cócegas. Ri descontroladamente.
- Larga-me, Kaulitz! - pedi entre risos.
- Só se me chamares Tom! - disse ele, rindo também.
- Pronto, Tom! Larga-me!
Ficou na mesma em cima de mim. Os seus olhos castanhos fitaram-me docemente. O meu olhar deslizava naturalmente dos seus olhos para os seus lábios e vice-versa. Aproximou-se e beijou-me a bochecha. Senti os seus lábios macios e o frio do metal do seu piercing contra a minha face e senti-me corar.
- Eu devia...ir almoçar... - disse eu, atrapalhada.
- Também eu. Apesar de serem quatro e meia da tarde - afirmou ele, rindo.
- Pois - senti-me corar de novo.
- Desculpa - disse e saiu de cima de mim.
- Não tens de pedir desculpa - respondi eu, voltando ao meu lugar, fitando o chão.
Olhei-o. Também ele fitava o chão. Aproximei-me, hesitando e beijei-lhe a face. Permaneci ali uns segundos. Fechei os olhos. Inspirei o seu cheiro, permaneci com os meus lábios suaves, sentindo a sua pele de bebé. E depois afastei-me, fitando-o e apenas esbocei um pequeno e escondido sorriso tímido.
- Isso soube bem, Stuttgart - disse-me ele, devolvendo o olhar e esboçando um sorriso mais aberto que o meu.
- Soube mesmo, Kaulitz? - perguntei-lhe.
- Acredita que sim. - respondeu-me.
Fitei de novo o chão, corando.
Continuou a fitar-me e passou os dedos pelos meus cabelos. Foi contornando suavemente cada onda dele. Voltei a fitar os seus olhos. Eu desejava mais que aquilo. Eu desejava tê-lo. Eu percebi que o desejava desde sempre. Desde que tínhamos tido a primeira discussão.
- Hoje vais ao escritório da tua mãe? - perguntou-me, quebrando aquele silêncio.
- Não sei. Porquê? - perguntei, admirada.
- Porque sou capaz de ir andar de skate outra vez lá para cima, se souber que és tu que me vens mandar embora. - disse, sorrindo.
Ri perante o que ele tinha acabado de dizer.
- Que foi? - perguntou-me. - Olha que estou a falar a sério.
- Não duvido, Kaulitz.
Instalou-se de novo o silêncio. Continuámos apenas a fitar-nos, olhando-nos ternamente. Nunca pensei que estivéssemos assim. Eu e o Kaulitz.
O nosso silêncio foi rompido pelo toque de entrada.
- Devíamos ir - disse ele, passados uns segundos.
- Sim - concordei.
Levantou-se e estendeu-me uma mão, para que eu pudesse levantar-me.
Pôs o braço à volta dos meus ombros. Fiquei atrapalhada mas desta vez retribuí. Decidi deixar-me levar um bocado mais e pus o meu braço à volta da sua cintura, visto que ele era muito mais alto que eu. Sorrimos um para o outro e fomos até à sala de aula.
terça-feira, 29 de julho de 2008
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