domingo, 27 de julho de 2008

Loving you twice - Capítulo 5

- Tenho mesmo de ficar aqui, mãe? - perguntei-lhe pela décima vez.
- É só um bocadinho! Já voltamos para casa.
- Porque não me deixaste lá?
- Inês...acalma-te! É mesmo só um bocadinho.
- Quando tu dizes que é só um bocadinho é sempre uma hora ou duas...
- Oh, Inês...vá, fica aí um bocadinho.
A minha mãe havia-me levado para o seu escritório.
Começou a tentar concentrar-se numa coisa importante e atendeu um ou dois telefonemas.
Começámos a ouvir barulho na parte exterior do escritório, em cima. Como era um rés-de-chão e em cima era um espaço aberto, costumavam andar lá skaters, desde o princípio do espaço aberto até à parte dos apartamentos.
A minha mãe afastou um pouco o telefone da cara e disse-me:
- Filha, vai lá a cima mandar os skaters embora!
- O quê? Agora?
- Vá lá, faz o que te digo!
- Oh, está bem...
Caminhei para fora do escritório e percorri um pedaço da rua até chegar às escadas que davam acesso à parte aberta onde os skaters costumavam andar. Tinha de lhes dizer a mesma coisa de sempre: que não podiam andar ali, porque para além de fazer muito barulho no escritório, o tecto era falso e podia-se partir por culpa deles. Assim eles assustavam-se, com medo de pagar o tecto novo, e iam para a parte aberta de qualquer outro prédio da rua, onde não ralhassem com eles.
Subi as escadas fitando sempre o chão. Desliguei o mp3 e olhei em frente. Cheguei-me perto dos skaters.
- Olha quem é ela! - disse uma voz familiar, no meio dos rapazes.
Passou à frente de dois e revelou a sua identidade...Tom Kaulitz. Revirei os olhos ao vê-lo.
- Kaulitz, tenho duas coisas a dizer-te. Primeira, diz aos teus amigos que têm que bazar, visto que fazem muito barulho para o escritório da minha mãe, que é aqui em baixo. E como o tecto é falso, pode estragar-se e são vocês que pagam. E segunda...não voltes a dirigir-me a palavra como se falasses comigo abertamente, ou há muito tempo.
Virei costas e apenas ouvi comentários vindos dos seus amigos.
- Está bem - disse Tom. - Eles vão, mas eu fico. Só me disseste para eu dizer aos amigos que bazassem.
- És de compreensão lenta? - disse-me, virando-me de novo para ele.
- Não, nem por isso. Tu é que deves ser. Ainda não deves ter percebido que queria falar a sós contigo.
- Tu é que não deves ter percebido o que eu te tenho andado a dizer, Kaulitz. Eu não tenho nada para falar contigo.
- Não falas tu, falo eu. Podes não ter nada a dizer, mas tenho eu.
- E quem te disse que me interessa ouvir?
- Ninguém. Mas também ninguém disse que não te interessa.
Quando dei conta, os seus amigos já iam longe e estávamos só eu e ele.
- Esquece, Kaulitz... - disse eu.
- Porquê esquecer? Qual é a tua, miúda?
- Porque...porque sim, Kaulitz. Eu e tu não temos nada para falar. Logo, não vamos falar.
Virei-lhe costas e caminhei. Correu para mim e puxou-me o braço repentinamente. Fez com que me virasse e que ficasse quase colada a ele. Os seus olhos fitaram os meus. Senti que éramos só eu, ele e o vento. Senti o meu coração bater rápido e as minhas pernas fraquejarem, mas tentei mantê-las firmes.
- Larga-me - disse num tom de voz baixo, devido ao nervosismo.
- Eu causo-te nervosismo - disse, mantendo uma expressão séria.
- Causas-me nervosismo, sim. Montes de nervos e raiva.
A cada segundo ele estava um milímetro mais próximo, mas eu não me conseguia nem queria libertar. O meu coração batia cada vez mais rápido. Os dois perdemos as forças. Recuperei as forças primeiro que ele e libertei o meu braço. Virei-lhe costas e fui-me afastando em passos rápidos. Desci as escadas a correr e corri até ao escritório. Entrei com a respiração ofegante.
- Que tens? - perguntou a minha mãe.
- Nada, apenas corri nas escadas. Sabes que eu fico logo assim por causa dos problemas de respiração.
- Hum...ok. E os putos, já se foram?
Fitei o horizonte e respondi passados alguns segundos:
- Já, mãe. Já se foram embora...

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