A minha vida nem sempre foi como agora...
Eu era daquelas miúdas mimadas que tinha tudo o que queria.
As melhores festas da escola, os brinquedos mais caros, etc. Eu tinha a vida que qualquer rapariga de 10 anos poderia sonhar. Até aquele dia...
Era o meu 10º aniversário, a casa estava cheia de amigos e familiares. Só faltava uma pessoa, a mais importante. A minha mãe e eu sempre fomos melhores amigas! Contava.lhe tudo o que se passava comigo. Ela apoiava-me em tudo, estava sempre disposta a ouvir-me e a dar um bom conselho... Neste dia estava a a fazer um turno no hospital em que ela trabalhava.
[Dia anterior:]
Mae: - Mariana, amanha eu tenho que ir trabalhar. Mas prometo que antes das 18:00 estarei em casa!
Eu: - Mas mãe!
Mãe: - Eu nunca faltaria a um dia tão importante como este! Prometo que antes das 18:00 estarei em casa. Além disso a festa só começa as 19:30! – fez um doce sorriso.
Eu: - 'Tá bem...
Mãe: - Não te preocupes Schatzy... – Schatzy era como a minha mãe costumava chamar-me desde os meus poucos dias de vida.Ela era alemã...Sempre dizia que eu era o “tesouro” dela...- ]
18:00h , 19:30h, 20:00...22:00.
O tempo passava e nada da minha mãe... Eu estava cada vez mais preocupada.
Já não queria estar no meio da confusão toda da festa, fui para o meu quarto. Fiquei deitada na cama... Sentia uma dor no peito, era como se tivesse um grande vazio dentro de mim.
O telefone tocou... O sentimento de dor e vazio pareciam ficar ainda mais fortes.
De repente o meu pai quase que arrombando a porta do meu quarto, disse-me o que eu estas horas todas tentei não pensar...
A minha mãe morreu...
Já se passaram cinco anos... A minha vida nunca mais foi a mesma. Mudei-me de uma grande casa, para um pequeno prédio no centro da cidade com o meu pai. A ideia de “família feliz” que eu tinha foi completamente abalada. A minha mãe era tudo para mim e para o meu pai. E eu que para ele já não era muito... Agora não sou nada.
Ele praticamente deixou de viver depois do que aconteceu. Já não é o mesmo.
Quase não me fala... Quando o faz, nem olha bem para a minha cara.
Não me deixa nunca sair de casa, não me deixa trazer amigos a casa. Mesmo que deixasse, eu não teria quem trazer... Porque o que as raparigas normais de 15 anos diriam “Casa, escola; escola, casa...” , eu somente digo: “Casa, casa; casa, casa.” Exactamente...Eu não vou a escola. Tenho aulas com uma explicadora em casa. E o que é mais ridículo ente todas estas coisa é que ele não me deixa ouvir música! É claro que esta regra só se aplica quando ele não esta em casa. Por sorte, consegui trazer um rádio velho da minha antiga casa...
Há uma música que está sempre a dar agora. Eu adoro, é tão linda! Não me recordo bem do nome, mas o refrão é assim:
“Wir bleiben immer schreiben uns die ewigkeit ich weiss dass immer irgendwo was bleibt wir fühlen wir sind furs ende nicht bereit wir sterben niemals aus ihr tragt uns bis in alle zeit”
Ontem vi pela janela um camião das mudanças a chegar. De certeza que é só mais um velho para juntar-se aos outros todos daqui.
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