sexta-feira, 11 de julho de 2008

Para Sempre Contigo - Capítulo 24; ÚLTIMO CAPÍTULO

O meu coração batia mais forte que nunca. Olhava a lua e de repente toda a minha vida me passava pela cabeça.
As memórias de quando era pequena, a escola, os amigos e as amigas, o dia em que conheci o Tom, os Tokio Hotel, os sonhos que tinha com o Tom, o sorriso dele, a primeira vez que ele me beijou, a banda, os bons momentos que passávamos com o Bill e com a Mondy, quando ele me olhava fixamente e me acariciava a cara, quando ele me dizia que me amava, quando ele me calava com beijos, quando ele me abraçava, quando ele tocava para mim, quando eu o esperava nos bastidores depois dos concertos, quando chorávamos a rir, quando ele me levava às costas e começava a correr, quando eu chorava e ele me limpava as lágrimas suavemente com a mão ou as apanhava com um beijo, quando devorávamos snacks e víamos montes de filmes com o Bill e com a Mondy, quando ríamos descontroladamente por tudo e por nada, quando eu lhe tentava ensinar português, quando saíamos juntos, quando ele me fazia cócegas, quando cantávamos juntos "Sur Le Pont D'Avignont", quando algum de nós fazia alguma coisa mal e o outro ajudava, quando ele me ensinava algumas coisas na guitarra, quando dançávamos, quando ele me agarrava pela cintura e me beijava o pescoço, quando ele me animava, quando fazia cara inocente depois de me pregar partidas, os seus dedos a deslizarem nas cordas da guitarra, quando não nos víamos por uma hora que fosse e ele me agarrava como se não me visse há um mês, e, por fim, caí em mim. Olhei de novo para baixo. Sempre a mesma altura, sempre os mesmos sentimentos, sempre os mesmos pensamentos. De repente, vindo do escuro atrás de mim, ouvia passos fortes nas escadas metálicas, uma respiração de alguém muito aflito, alguém realmente apressado ou aflito. Mas estava escuro nas escadas, não via ninguém. De repente uma voz.

"SPRING NICHT!!"

Eu olhava atentamente o escuro para tentar ver quem estava ali, ao mesmo tempo que chorava. O Tom saiu do escuro.
- Dann spring ich für dich...! - disse ele entre lágrimas e um fôlego cansado.
- Tom?
- Eu, princesa...
- Como sabias que eu estava aqui?
- Bem...eu estou muito ligado a ti! - disse ele sorrindo.
Ele estava descontrolado, aflito, chorava muito, uma respiração cansada de ter subido todas as escadas a correr, estava como eu nunca o tinha visto nem pensava ver. O Tom estava desesperado. Tudo por minha causa.
- Eu amo-te...eu quero que me perdoes...eu preciso de ti! "Und hält dich das auch nicht zurück...dann spring ich für ich..."
- Tom, eu perdoo-te. Mas mesmo assim não consigo ficar. Porque tu traíste-me. E mesmo que eu te perdoe, nada vai mudar! Tu vais ter as tuas curtes, tu vais-me magoar, eu nem sei se tu me amas como dizes!
- Claro que amo, Nicky! Já te disse que sim! Mil vezes! Não faças isso! Eu preciso de ti! - aproximou-se, agarrou as minhas mãos e encostou-as ao seu peito.
- Não consigo... - continuei eu a chorar. Beijei-o, larguei as suas mãos e dirigi-me ao sítio de onde planeava atirar-me. Subi o pequeno muro e virei-me de costas para a rua.
- Não! - gritou ele. Correu para mim e agarrou-me os tornozelos no momento em que ia saltar. Senti-me presa mas senti uma sensação única quando ia cair.

Um aperto no peito. Uma sensação de como se algo tivesse caído dentro de mim. O meu tronco levantou daquela horrível cama de hospital e a respiração ficou difícil. Os meus olhos, bem abertos e eu bastante assustada. Levei a mão ao peito. Estava bastante assutada e aflita. Tinha uma máscara de oxigénio na cara e estava deitada numa cama de hospital, com apenas a minha mãe e as minhas melhores amigas ao pé de mim. Só ouvia a televisão e a máquina que registava os meus sinais vitais.
- Nicky! - gritaram elas.
- Filha! Ainda bem que acordas-te! - disse a minha mãe chorando de alegria.
Comecei a desesperar. Não sabia o que se passava ali. Era um quarto de hospital. Mas porquê?
- O Tom? - perguntei aflita.
- Tom? Que Tom? - perguntou a minha mãe.
- O meu Tom, mãe! O único Tom que conhecemos! O meu namorado!
- Filha, tu não tens namorado...tu estiveste em coma nos últimos seis anos... - disse ela chorando.
- Este Tom! - disse eu apontando para a T-shirt da Ycky que tinha uma foto dos Tokio Hotel.
- Como é que tens noção das coisas dos Tokio Hotel? Eles nem eram famosos antes do acidente...antes disto acontecer, antes de estares em coma! - disse a Pinky.
- Eu sei quem são! Este é o Tom, o Bill, o Georg e o Gustav! O Tom é guitarrista e é o meu namorado!
- Não, filha...mas é surpreendente como sabes isto se estiveste em coma... - disse a minha mãe.
- E a Mondy? Era suposto ela estar aqui! Ela é a minha melhor amiga! - disse eu desesperada.
- Que Mondy? - perguntou a Ycky.
De repente comecei a ouvir os primeiros acordes de "Spring Nicht" na televisão. Olhei de súbito. Comecei a cantar.
- "Über den dächern, ist es so kalt und so still..."
- Como sabes a letra? - perguntou a Ycky.
- É das minhas preferidas do Zimmer 483! - respondi eu.
- E como sabes da existência do CD? - perguntou a Pinky.
No corredor, passou um médico com uma rapariga numa maca. Era a Mondy. Tinha a certeza.
- Mondy! - gritei eu, levantando-me.
- Nicky! - gritou ela levantando-se também.
- Como é que vocês se conheceram? - perguntou a minha mãe - estiveram o mesmo tempo em coma!
- Não sou doida, pois não? - perguntou a Mondy.
- Às vezes... - respondi eu sorrindo - mas deixa, porque se és não estás só...
Rimo-nos as duas e ficámos a ver o vídeo de "Spring Nicht" até ao fim, naquele quarto de hospital.
Porque há coisas que não se sabem explicar...

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