quarta-feira, 2 de julho de 2008

Para Sempre Contigo - Capítulo 15

Chegámos ao local do concerto. Fãs aos molhos. Fãs a empurrarem-se, a gritarem, a chorarem, com cartazes e pósters. "Tom, ich liebe dich!". Cada vez que ouvia isto sentia certo e ciúme e pensava para mim mesma: se vivesses o que eu vivi com o Tom, acho que poderias dizer isso...mas não sabes nada, rapariga! Tinha vontade de dizer isto em voz alta, mas antes que desse confusã, calei-me. Achava todas aquelas fãs histéricas e irritantes. Detestava que o Tom tivesse tantas raparigas atrás dele. Mas tinha de encarar. Ele era famoso! Olhei para a Mondy e vi que a sua cara também não era propriamente uma cara satisfeita. Ainda por cima a maioria das fãs, eram mais apanhadas pelo Bill. Felizmente, estávamos mesmo na primeira fila. Esperávamos que os gémeos nos vissem.
Gritos, aplausos, lágrimas, saltos, pisadelas, empurrões, cantorias, berros de desespero, cartazes, pósters, fotos, t-shirts com fotos deles, a adrenalina, a energia, o calor de tanta gente, a pressão, o suor, o coração a bater mais forte, o entusiasmo, a ansiedade, a esperança que nos vissem, memórias, pensamentos, coisas eternas e infinitas...e entre pensamentos um grande susto que quase rebentou com o coração de muitas fãs. Algo no backstage tinha explodido. Não sabíamos se era um amplificador, um instrumento, um quadro eléctrico, uma aparelhagem...apenas ouvimos um estrondo e uma pequena chama que se ia deflagrando no cenário e a seguir os gritos. Gritavam todas as fãs assustadas pelo fogo, pelo barulho e na esperança que não tivesse acontecido nada aos Tokio Hotel.
- Tom! - gritei eu preocupada.
Sabia que ele não me ia ouvir, nem eu esperava tal. Mas apenas pensei em voz alta. Nem esperava que eu saísse dali com vida, pois estava muito longe da porta e faltavam milhares de fãs sairem. Apenas me preocupava com o Tom. Olhei a Mondy que também chorava desesperada pelo Bill. No palco, alguns homens tentavam apagar o fogo que parecia ir avançando cada vez mais. Ouviu-se a voz de uma mulher por todo o pavilhão:
"Atenção, fãs de Tokio Hotel! Lamentamos o facto deste concerto não decorrer devido a problemas técnicos! As portas vão ser abertas. Por favor, saiam de forma ordenada, sem empurrões de modo a não causar ainda mais problemas! Repito, por favor, saiam de forma ordenada!"
As portas abriram-se e todas as fãs começaram a sair. Andavam apressadamente, pois queriam sair dali. Alguns seguranças estavam desde ao pé do palco, até à saída. Comandavam-nos para saírmos ordenadamente do pavilhão. Asseguravam-se que ninguém era "espalmado", ninguém caía, ninguém se aleijava ne ninguém era espezinhado. Finalmente, eu e a Mondy conseguimos sair. Ainda faltavam algumas dezenas de pessoas, mas a maioria já tinha saído. As fãs choravam com medo que alguma coisa tivesse acontecido aos seus ídolos. Algumas fãs foram pedir copos de água a estabelecimentos como cafés e restaurantes próximos. Outras, foram a um posto médico por alguns arranhões devidos aos empurrões, e outras até mesmo tomar calmantes. Duas fãs até tiveram que colocar uma máscara de oxigénio devido ao susto do estrondo, ao fumo e ao dióxido de carbono das chamas.
- Como estão o Bill e o Tom? - perguntei desesperada a um dos seguranças que estava à porta. Todas as outras fãs estavam mais afastadas. Eu e a Mondy éramos as únicas que estávamos ao pé dos seguranças.
- Os Tokio Hotel estão bem, menina. Os quatro. Não se preocupe, ninguém ficou ferido.
- Ainda bem - dei um suspiro mais calma e dei um leve sorriso fechando os olhos, mas depressa fiz de novo uma cara séria - e que aconteceu?
- Foi uma das grandes luzes do palco que fez curto-circuito, mas o fogo já está controlado. Está tudo bem, menina.
Aquele segurança muito largo e alto de cara séria sorriu. Parecia uma pessoa dura, mas revelou-se simpático. Vi passar por trás dele os Tokio Hotel. Passavam junto à parede para não os verem e lá à frente estava uma carrinha que os ia levar até ao hotel, calculei eu.
- Tom! - gritei de novo o seu nome, mas desta vez era quase impossível não me ouvir.
Tom olhou de súbito para trás, reconhecendo a minha voz. Lançou um enorme sorriso. As minhas lágrimas caiam agora de felicidade. Pela primeira vez em tanto tempo, podia vê-lo pessoalmente. O Bill olhou também para trás, calculando que a Mondy estivesse comigo. Sorriu também quando a viu. Todas as fãs começaram a aparecer por trás de nós e os seguranças começaram como que a fazer uma barreira. O guarda-costas do Bill começou a dar-lhes ordens para andarem para a frente e de súbito os nossos sorrisos tinham todos desaparecido. O meu choro voltou a não ser de felicidade.
- Não podemos deixar que eles se vão embora! - gritei para a Mondy.
- Que tencionas fazer? Nós não podemos fazer nada!
- Ai isso é que podemos!

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