sábado, 5 de julho de 2008

Nos teus braços é o meu lugar - Capítulo 1

Eu não aguentava mais, tanta angústia, tanta raiva. Não queria acreditar que ele me tinha feito aquilo, novamente. Já tinha acontecido, tinha-me custado tanto estar separada dele, e a ele, parecia, que também tinha custado, mas não. Se tivesse custado ele não repetia, aquele:
-Desculpa-me, eu amo-te, não volta a acontecer - era mentira!
Mas eu tinha acreditado, parecia verdade, os olhos dele brilhavam quando o dizia. Não, tinha de afastar esses pensamentos, não vai voltar acontecer, repetia pra mim enquanto chorava, sentada na berma da estrada, chovia tanto, as minhas lágrimas disfarçavam-se com as gotas da chuva, mas os soluços do meu choro, ouviam-se até no fundo da rua, ele era tudo o que eu queria, ele era a minha vida e tinha-me desiludido, outra vez. Ouvi passos rápidos, ouvia-se a água nas poças a salpicar, alguém estava com pressa, mas deixei estar, naquele momento só pensava no que tinha visto, o Tom a beijar outra.
-Nãooooo – Gritei eu – não pode ser. Continuei a chorar, agora ainda com mais força, mais raiva, mais tristeza. Até que senti uma mão na minha cabeça, levantei lentamente a cara, limpei os olhos e disseram:
-Tem calma, eu amo-te.
Não, não podia ser ele, voltei a limpar os olhos, era mesmo ele. Levantei-me rapidamente, fazendo a mão dele sair da minha cabeça, tão bruscamente que me arrancou cabelos.
- LARGA-ME, só podes estar a brincar comigo. Amo-te? Tu não sabes quanto essa palavra vale. – Gritei eu, virando-lhe as costas e andando sobre as poças, a soluçar, com tanta raiva.
-Esperaaaa, deixa-me te explicar – dizia ele, a correr para mim. Parei, virei-me para trás e gritei-lhe:
-Achas que há explicação possível para isso? Tom tu traíste-me, mais uma vez…
-Amor, desculpa - Disse ele agarrando-me num braço. Fez aquela cara, que só ele sabe fazer, oh meu deus como eu o queria perdoar, mas não, não ia ser parva, mais uma vez.
-Cala-te, tu não gostas de mim. – Disse e comecei a correr, corri até já me doer a barriga, com tanta chuva, e choro, caí mesmo numa poça, tinha-me aleijado, a perna, as costas, doía-me tanto, mas nada comparado com a dor que sentia bem cá dentro. Ele foi a correr ter comigo, perguntou-me se estava bem, mas já nem lhe conseguia responder, estava cansada, de correr, de discutir, de chorar, limitei-me a ficar sentada na poça, com a cabeça entre os braços, a chorar perdidamente, lembrando-me de cada um dos momentos. Levantei a cabeça para ver se ele ainda lá estava, sim estava, abraçou-me, não conseguia evitar, eu queria aquele abraço, mais que a tudo neste mundo, limitei-me a chorar nos braços dele, até que parou de chover, já devia estar nos braços dele há muito tempo, mas ele não me largava, apertava-me com força, sem me aleijar, e eu chorava, soluçava por causa dele, mas não o queria largar, nos braços dele era o meu lugar. Até que senti uma gota na minha cabeça, e depois muitas, não parava, pensava qe voltara a chover, olhei para cima, estava o céu estrelado nada de nuvens, achei impossível, jurei a mim mesma que tinha sentido, até que olhei para a cara dele, e vi, vi que ele estava a chorar, tinha os olhos cheios de agua, sentia o peito dele a subir e descer tão rapidamente, que pensei, será que ele gosta mesmo de mim? Olhei para ele, limpei-lhe as lágrimas e disse-lhe:
- Tom, eu amo-te, e tu sabes disso, sabes o quanto significas para mim, mas eu não, não sei o que sou para ti, se é que sou alguma coisa, não sei se me amas ou apenas estás comigo para te divertires…- Ele interrompeu-me, pôs o dedo dele na minha boca, depois tirou-o e beijou-me, não eu não podia o beijar, não depois daquilo, mas foi tão intenso, voltou a chover, nós no meio da rua, sentados numa poça, com a chuva a cair-nos na cara e a beijar-nos, como da primeira vez, na casa de banho do pavilhão atlântico , depois do M&G. Estávamos ali, há tanto tempo a beijar-nos, sentia-me bem e mal, estava tão confusa, queria-o e não o queria, até que alguém nos tocou e disse:
- Bem meninos, que tal fazerem isso em casa? Sempre era melhor não? – Era o Bill.

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