Entrei com a minha melhor amiga no skatepark. Levava o meu skate debaixo do braço. Levava posto um chapéu com o cabelo dentro, óculos escuros, as minhas usuais roupas largas e ténis de skater.
Eu não era uma rapariga como outra qualquer. Eu era sempre a diferente. Eu era sempre a "maria-rapaz", a que mais falava quando algo estava mal. Aquela que não se preocupava em agradar quem quer que fosse e muito menos os rapazes.
Enquanto todas as minhas amigas se preocupavam com o seu visual, eu vestia-me como me sentia bem. Normalmente tinha um estilo punk/emo, mas naquele dia virei-me para as roupas largas.
Por baixo daquelas roupas, escondia-se um corpo com forma. Um corpo com curvas, uns grandes olhos verdes fascinantes e um cabelo comprido e ruivo.
Ao chegar, avistámos uns rapazes que entravam pelo outro lado do parque.
Subi ao half-pipe e comecei a andar de skate.
- Hey, puto! - gritou um dos rapazes, quando o bando se aproximou. - Salta daí!
Era um rapaz alto, magro, com roupas larguíssimas, chapéu, rastas e piercing no canto do lábio inferior. Era o rapaz mais bonito da minha escola! Foi assim declarado pelas minhas amigas. Mas eu sempre disse que o achava convencido, estúpido e imaturo. Parei o skate e aproximei-me do rapaz.
Tirei o chapéu e os óculos escuros. Os meus enormes cabelos ruivos e ondulados esvoaçaram e os meus olhos ficaram com tons verdes ainda mais claros pela forma como o sol incidia. Os rapazes olharam-me, embasbacados.
- Primeiro de tudo - disse eu - quanto muito era miúda. Segundo, tu não me diriges a palavra assim, como se mandasses em mim. Terceiro, isto não é teu nem dos teus amiguinhos. E por último...deves-te achar muito importante para falares assim comigo.
- Desculpa lá, miúda - disse Tom, o rapaz, em tom irónico.
- Escusas de ser irónico, Kaulitz - disse-lhe com desprezo.
- Wow, a miúda sabe o meu nome? - perguntou.
- Não é difícil. És conhecido no liceu por teres ido para a cama com não sei quantas miúdas.
- Hum...e nem nas férias esqueces o meu nome, miúda - disse, emproado.
- Vê lá se perdes as manias, Kaulitz. E deixa de me chamar miúda.
- Não sei o teu nome!
- Nem tens de o saber - respondi, friamente.
Dei meia-volta e segui com a minha amiga para fora do parque.
- Tu deste barras ao rapaz mais bonito da escola, Inês Dauzart Stuttgart?! - perguntou-me Vanessa.
- Calma! E que tal aguentares os cavalos? - perguntei, indignada. - Ele não só é o mais bonito, como mais estúpido, imaturo e por aí fora!
- Como é que consegues pensar isso dele? Eu caguei para esses aspectos! Ele é lindo! - exclamou Vanessa, intrepretando o que dizia com gestos e expressões faciais. - Ele e o irmão dele...
- Vamos falar de outra coisa se não os Kaulitz? Tudo bem, o Bill parece impecável. Pelo menos não tem as manias do irmão. Mas vamos passar a outro assunto - disse eu.
- Amanhã começam as aulas... - disse Vanessa, com um ar triste.
Fitei o horizonte e disse:
- Mais um ano...nem acredito.
- Nem eu, mana, nem eu...
Tratávamo-nos por mana desde sempre. Éramos melhores amigas desde o primeiro ano da primária. Claro que tivémos os nossos altos e baixos, mas nunca deixámos de ser melhores amigas.
terça-feira, 22 de julho de 2008
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