- Negativo - respondi eu.
Tom suspirou de alívio.
- Ainda bem - disse ele.
Abraçou-me, com um sorriso. Aquilo sabia bem. Um abraço daqueles de novo. Um abraço naqueles braços quentes e fortes. Um abraço terno e protector. Um abraço dele.
Mas rapidamente nos afastámos e ele olhou-me com um ar mais sério e um pouco embarassado do que tinha acabado de fazer.
- E então...agora falamos sobre nós. - disse eu, quebrando o silêncio que se havia instalado.
- Pois. Temos mesmo de falar. Eu não aguento ficar separado de ti. Amo-te...muito mesmo.
- Mas e aquela rapariga?
- A Laura?
- Sei lá o nome dela!
- Somos amigos há muito tempo. Deixámos de nos falar há muito tempo atrás e agora voltámos a falar. Fomos namorados, em tempos. Mas agora as coisas são diferentes. Vou ser mesmo sincero contigo. Quando não estavas, eu e ela apanhámos algumas bebedeiras juntos e...escuso de contar o resto.
- Antes de eu aparecer sequer, ou nestas semanas que estive ausente?
- Quando estiveste ausente.
- Boa, Tom Kaulitz! Tu não perdes uma oportunidade! Eu viro costas e rapidamente já curtes com outra!
- Se bem te lembras, acabas-te comigo. Não te "devo" nada.
- Pois não. Nós já não temos nada a ver um com o outro. Mas não perdeste tempo, han?
- Volto a repetir...estávamos bêbados.
- Mas se estivesses sóbrio, não seria diferente.
- Seria sim. Quantas vezes preciso de te dizer o que sinto por ti?
- Não precisas de repeti-lo. Podes dizer as vezes que quiseres, que para mim não muda nada. Sou eu que tenho de encaixar as coisas dentro da minha cabeça.
- Não voltes para Portugal...por favor...fica... - pediu ele, pegando-me nas mãos.
Uma lágrima caiu pela minha cara abaixo.
- Tom, eu...
- Fica. Por favor...
- Ok, Tom. Eu fico. Mas que fique claro que é porque as coisas estão estáveis aqui. Toda a minha vida.
- Ficou claro - respondeu ele com um sorriso. - Ah, e mudas-te para cá quando?
- Mudar-me para cá?
- Sim, pensei que voltavas para casa...
- Tom, eu fico na Alemanha, não aqui em casa.
- Porquê? Esta é a tua casa. Deste dinheiro para ela. Pagas-te parte dela e sempre contribuíste para tudo. Não deixes a tua casa por minha culpa. Se quiseres, eu mudo-me de quarto. Mas fica, por favor. O Bill e a Amy também vão querer que voltes. E eu estou farto de fazer de vela!
- Oh, meu Deus...
- Estou aqui, filha.
- Tom!
Os dois rimos.
- Está bem. Eu volto. Mas só por causa de eles serem meus amigos e de eu não querer dar mais trabalho ao Michael. Entendido?
- Muito entendido. Awww, adoro-te, miúda!
Abraçou-se a mim com o seu melhor sorriso.
- Tom, não abuses...
- Desculpa...
Recuou de imediato.
- Eu desculpo. Mas não a traição. Ainda não esqueci isso.
- Claro, eu percebo... - disse ele, cabisbaixo.
- E quando posso voltar?
- Quando quiseres! Pode ser hoje?
- Era suposto ser eu a fazer essa pergunta.
- Ah, ok. Antecipei-me. - disse ele com um sorriso parvo estampado no rosto.
- Pode ser hoje?
- Pode, claro! Queres que te ajude a ir buscar as coisas?
- Deixa, acho que me oriento sozinha.
- E quando vens?
- Posso ir buscar já as coisas a casa do Mike?
- Claro, claro! Eu vou preparar as coisas para quando chegares.
(...)
À noite, naquele dia, deitei-me na cama. Ele tinha ido dormir temporariamente para o sofá da sala.
Quando me deitei, reparei que os lençóis tinham o seu cheiro.
- Esqueceu-se de os mudar - pensei. - Mas ainda bem.
Sorri sozinha que nem uma tola. Enfiei o nariz na almofada e inspirei fundo. Cheirava mesmo a Tom. Enrosquei-me na cama que tinha o cheiro dele. Sentia-me bem.
Deus, eu queria ficar com ele. O Tom parecia tão sincero quando pedia desculpa e quando dizia o que sentia por mim.
Levantei-me da cama e fui cuidadosamente até ao corredor. Debrucei-me sobre o varão de onde se via toda a sala. Já o via dali. Depois desci a escada, pé ante pé. Quando cheguei lá abaixo, pus-me de joelhos no chão e repousei os braços em cima do sofá, mesmo em frente a ele.
Observei-o durante alguns segundos. Apenas o seu peito mexia delicadamente, para cima e para baixo, enquanto respirava.
Cuidadosamente, passei a minha mão nos seus cabelos.
- Tom... - sussurei.
- Hum...
- Tom... - voltei a sussurar.
- Ni? - perguntou ele, com os olhos practicamente fechados.
- Sim, sou eu...
- Que se passa?
- Nada.
- Nada e vens-me acordar?
- Volta para a cama.
- Não. Depois ficas com dor de costas do sofá. Eu não me importo, a sério.
- Não estás a perceber.
- Então explica-me...
- Vem dormir comigo...
- O quê?! - perguntou ele, num salto.
- Hey! Ainda acordas a Amy e o Bill!
- Ups!
- Volta para a cama, fica lá comigo... - peguei-lhe na mão.
- Tu...tu...
- Já falamos, agora vem...
Puxei-o por uma mão e subimos as escadas. Deitei-me num lado da cama, deixando espaço para ele.
- Anda lá, mete-te aqui! - disse-lhe eu.
Tom meteu-se rapidamente dentro da cama.
- Isto quer dizer que me perdoas?
- Perdoo, Tom. Mas não esqueço...e as coisas não vão ser como antes. Não quero voltar a assumir nada contigo. Não por agora. Vê se entendes o meu lado - disse eu, passando suavemente o meu dedo pelos seus lábios.
- Entendo. Mas deixa-me só matar as saudades tuas que eu tenho... - disse ele, ternamente.
Agarrou delicadamente a minha mão que havia passado pelos seus lábios e foi aproximado a sua cara de mim. Foi aproximando tanto, que me beijou.
- Amo-te... - sussurei.
- Não mais do que eu te amo a ti, miúda...
Adormeci, com a cabeça no peito dele e nos seus braços.
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