Saiu do autocarro com uma cara de pouco entusiasmo. Era um grande sonho dele, mas uma desilusão por nos separarmos.
- Não faças essa cara...diverte-te por mim...isto não é o fim! Tu vais voltar e as coisas vão voltar a ser o que eram...mas por agora vive o momento! - sussurei levemente ao seu ouvido "Leb Die Sekunde". Cantei extremamente baixo e a chorar. A minha voz parecia até rouca.
Ele fez um sorriso forçado. Colocou uma das suas mãos na minha anca e a outra na minha cara. Eu tinha as duas mãos na sua cara. Puxou-me para mais perto e beijou-me. Pareceu tudo acontecer em câmera lenta. Dentro da minha cabeça passavam mil imagens num segundo, enquanto ele me beijava. Passavam-me imagens como o seu sorriso, a banda, ele a tocar guitarra, beijos como aquele, entre outros momentos. Tudo parecia reproduzir-se como um filme na minha cabeça. Era tão difícil saber que ele ia embora sem mim. Apesar da minha vontade ser enorme, aquele momento não foi eterno, como de esperar. Ficámos apenas a agarrarmo-nos, a chorar, a dizer as últimas coisas. Ia sofrer sem ele. Beijei-o de novo. A sua mão deslizou desde a minha cara para o meu ombro, e deste para o meu braço, até que as nossas mãos se separaram. Num passo ele afastou-se e entrou no autocarro. A Mondy também se despedia do Bill, aposto eu, sentido o mesmo que eu. Deram um abraço à mãe e ela beijou-os na testa. Porque tinha de ser assim? Queria saltar para dentro do autocarro e ir em digressão com eles. Queria fazer uma loucura ali. Mas eles entraram para o autocarro e eu de tão triste que estava, fiquei imóvel e não conseguia reagir. Vi o autocarro ir-se embora e ainda fiquei ali especada na rua, sem saber o que fazer.
- Anda para dentro, filha - a minha mãe chamava-me, mas eu parecia apenas ouvir apenas a sua voz distante.
- Deixe, eu fico aqui com ela um bocadinho - a Mondy também se fartava de chorar pelo Bill. Eu tinha a certeza que ela sentia o mesmo.
- Está bem...vejam se se acalmam! - a minha mãe foi para dentro.
Sentámo-nos no degrau em frente à porta. Encostei a minha cabeça no muro.
- Porquê? - falei como que entre dentes porque mal conseguia falar.
- É o sonho deles. A banda é fantástica. Tinha de ser...
- Eu sei...e se é pelo Tom eu aguento...
- E eu pelo Bill...
Não me contive e desatei a chorar outra vez.
- Vamos para o meu quarto? Não quero ficar a chorar aqui fora... - levantei-me e abri a porta de casa.
- Sim, é melhor...
Estivémos ali a tarde toda a chorar, a relembrar momentos com os gémeos. Às vezes ríamos com algumas coisas que nos lembrávamos. Tinham ido embora naquele momento e já sentíamos enormes saudades. Nem démos conta das horas passarem. A minha mãe bateu à porta do quarto:
- Mondy, ficas para jantar?
- Não, eu vou agora para casa...obrigado pelo convite, de qualquer maneira.
- De nada! E tu, filha?
- Eu nem vou jantar... - encostei de novo a cabeça na almofada.
- Não podes ficar sem comer, Nicky! - a Mondy tentou-me animar. Tentativa falhada.
- Olha quem fala...até parece que vais comer alguma coisa... - falava com a Mondy mas nem conseguia olhá-la nos olhos. Nem a ela nem a ninguém.
- Tens razão...eu vou embora, Nicky...até amanhã... - chegou perto de mim e passou suavemente a mão na minha cara. Não sei como, não consegui reagir. Apenas disse "até amanhã".
(...)
O primeiro mês foi passando. O Tom mandava-me mensagens e e-mails sempre que podia. Mas isso não chegava. Eu sabia que ele já não gostava tanto de mim. Ouvia falar tanta coisa dele! Como ele era desejado pelas fãs, como ele bebia nas festas...e li o que não queria...o Tom dormia com fãs. Mandei-lhe um e-mail com cópias daquilo que tinha lido e os meus sentimentos todos bem expressos. Tinha de saber o que ele sentia. E de repente, ele deixou de responder aos meus e-mails e de mandar mensagens. Mandava cada vez menos, até ao ponto em que eu não sabia nada dele. Mais ou menos a meio da digressão, soube de um concerto não muito longe dali. Fiz um filme enorme e lá convenci os meus pais a me deixarem ir com a Mondy.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
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