quinta-feira, 26 de junho de 2008

Para Sempre Contigo - Capítulo 13

No dia seguinte, acordei com ligeiras cócegas na minha cara. Sacudi com a mão, pensando ser uma mosca, mas acabei por me aleijar e dar um grande estaladão em mim própria. Ouvi um pequeno riso. Pensei não ser nada. Ajeitei a minha cabeça na almofada e voltei a sentir aquilo. Abri os olhos, devagar. Vi o Tom, que estava a sorrir com uma rosa na mão. Descobri então de onde vinham as cócegas. Era ele que passava ligeiramente a rosa na minha cara. Sorri, esfregando os olhos. Apoiei um braço e um cotovelo na cama e lenvantei ligeiramente o meu tronco e a cabeça. Puxei o Tom para mim e beijei-o. A sua mão, com uma rosa, percorreu o meu corpo.

Mondy: Estamos aqui a mais? Coff, coff...
Nicky: Não... - disse eu sorrindo e olhando para o Tom.
Tom: Então, meninos? Ontem era para fazer directa!
Bill: Pois! Mas eu acordei a meio da noite e os meninos também estavam a dormir!
Tom: Oh...não ficávamos a fazer nada acordados...
Nicky: E daí...

O tempo foi passando. Tudo corria bem entre nós. Éramos quatro melhores amigos e dois casais. A Mondy e o Bill e eu e o Tom. Eu confiava imenso na Mondy, era a minha melhor amiga. E o Bill e o Tom também eram confidentes, claro. Quando queria falar de coisas de raparigas, já tinha uma amiga com quem falar. Quando fosse um assunto para todos, tinha dois fantásticos amigos e um namorado.
Tinha-se passado um ano e meio. Um novo ano lectivo. Este ano, eu pensava que iria ser muito mais alegre. A Mondy tinha entrado para a nossa escola. Íamos passar ainda mais tempo juntas. Pensava que ia ser um ano chato em aulas, mas bastante divertido. Mas enganei-me.
A banda do Tom e do Bill tinha mudado de nome e avançado. Tinham finalmente encontrado uma editora interessada neles. Chamavam-se agora Tokio Hotel. Eram mais chamados para tocar em bares e já não se limitavam a concursos de bandas. Eram convidados para actuar. De repente, o Tom e o Bill pareciam já não ter tempo para mim e para a Mondy. Nas primeiras vezes aceitámos bem e aproveitámos para estar as duas juntas sem eles. Falar de coisas de raparigas, arranjármo-nos mais...era divertido! Tinha piada levarem-nos de vez em quando ao estúdio de gravação. Já tinha estado num em Portugal, mas com o meu pai. Estar com os gémeos era melhor. Tinha piada às vezes ficarmos sozinhas, tinha piada às vezes irmos ao estúdio, tinha piada ajudar-mos nas músicas...mas a certa altura deixou tudo de ter piada.
Mais algum tempo passou. Tínhamos de aceitar, porque os queríamos ver felizes. A banda era um sonho deles e tínhamos de respeitar e aceitar isso. Eu já sabia da banda quando tinha começado a andar com o Tom e de algum jeito sabia que isto um dia podia acontecer. Mas pior que a gravação do CD e todo aquele tempo acabou por acontecer...ao fim de muitos concertos na Alemanha, o primeiro single e videoclip de "Durch den monsun" e o próprio CD "Schrei" terem sido um grande sucesso...os Tokio Hotel iam em digressão pela Europa! Eu ia ficar cerca de três meses sem ver os gémeos...que iria eu fazer sem o Tom por perto?
Iam planeando a digressão, até ao pior dia de sempre. A véspera da partida deles.

- Desculpa, mas sabes como isto é importante para mim! - disse o Tom tentando confortar-me e limpando suavemente as lágrimas da minha cara. Tentativa falhada. Também ele começou a chorar. Estávamos os dois muito tristes.
- Eu sei...se fosse comigo eu também ia...tu não podes perder esta oportunidade! Nem eu deixava! Mas entende como é triste...
- Eu sei, Nicky...eu sinto-me da mesma maneira...
- E agora? Eu não te vou ver durante meses...
- Agora...ficamos na mesma e quando eu voltar, volta tudo a ser como era! Mas até lá arranjas outra pessoa...deixas de gostar de um idiota como eu que larga a namorada por uma digressão e gostas de um outro rapaz melhor...
- Cala-te! Eu nunca vou amar ninguém assim! E eu não esqueço um rapaz facilmente...fica sabendo que também nunca chorei por nenhum antes...
- Desculpa, a sério. Estou-me mesmo a sentir mal. Já não sei se quero ir!
- Parvo! Não tenhas ideias dessas! Isto é importante para ti e eu não te deixo ficar! Tu tens de realizar o teu sonho, e eu só tenho de te apoiar! Tens de ir, Tom...mas nós os dois...não vai resultar três meses distantes...
- Como assim? Tu queres...
- Se calhar é melhor...nós não podemos funcionar à distância...e ficar três meses distantes não faz sentido...quando voltares, se ainda sentirmos o mesmo, então podemos voltar...
- Sim, tens razão...mas eu não gosto de dizer que acabou...
- Nem eu...
- Então e se...nós hoje curtíssemos muito o dia e amanhã ias comigo até ao autocarro...eu mostrava-te o autocarro, depois simplesmente despedíamo-nos...sem dizer isso?
- É melhor...
- Então...temos de gastar bem o dia de hoje!
- Tens razão! - limpei as lágrimas e fiz um sorriso forçado
- Nicky, eu e o pai vamos sair! Voltamos logo mais à noite, ok?
- Ok, mãe... - ela fechou a porta do quarto e uns segundos depois ouvi a porta da entrada bater.
- Não está ninguém em casa...agora sim podemos aproveitar! - fiz um sorriso maroto e o Tom entendeu o que eu queria dizer.
Fui à janela e esperei até ver o carro dos meus pais ir embora. Aproximei-me do Tom com um sorriso. Aquela despedida tinha de ser inesquecível. E foi. Escusado será dizer o que aconteceu. Depois ficámos ali os dois. Olhava o Tom como se nunca o tivesse visto, ou o fosse ver pela última vez em toda a minha vida. Passava a minha mão na sua cara enquanto ele me agarrava pelas ancas, com as suas mãos suaves e os seus dedos compridos. Queria ficar ali para sempre. Eternamente. Despedidas foi algo que eu nunca gostei. Muito menos despedir-me do Tom. Olhando fixamente para ele, lágrimas ocupavam de novo o meu rosto. Por mais que as tentasse evitar não conseguia. No dia seguinte todos os momentos deste género que poderia vir a ter com ele, eram practicamente impossíveis.

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