sábado, 27 de setembro de 2008

We'll always belong to each other - Capítulo 5 [ 2ª Temporada]

Ela correu para me vir buscar, não me podia deixar ali no mar, a deitar sangue e mais sangue. Nadou, como boa profissional e tirou-me de dentro de água. Estava a chorar, preocupada. Não sei quem era, mas pareçia-me tão familiar... Ela deixou-me, ali na areia, toda molhada e coberta de sangue. Então, preocupada com o quê? Ouvia-a ao longe, a falar com alguém.
- Estou? Olhe, eu estou na praia de Quarteira, e uma amiga minha caiu das rochas. Sim, está a sangrar imenso da cabeça e tem feridas nos pés e nos braços. Qual é a praia? Oh...é em frente ao Hotel de S. José. Tem 18 anos, e por favor despachem-se, está a sangrar imenso e está inconsciente. Quer dizer, tem os olhos abertos mas não consegue dizer nada. Ok, mas despachem-se.
Para quem é que ela estava a falar? Não me lembro, não consigo coordenar ideias, não consigo fazer nada. Caramba, ela veio ter comigo outra vez. Está a chorar tanto, mas tanto...quero fazer-lhe uma festa, mas nem para isso tenho forças. Estarei quase morta? Não, não sei porquê mas eu não quero isso. A rapariga está a falar comigo, a dizer para eu ter calma.
- Sónia, tem calma, vai correr tudo bem. Eu liguei para o 112 e eles vêm aí, eles vêm te salvar e vai ficar tudo bem e...- as lágrimas corriam tanto, ela chorava tanto que não conseguia falar sequer. - Sónia...eu adoro-te, por favor não me deixes aqui, okay? Tem forças...oh meu Deus, estás a sangrar tanto, mas tanto!
Não ouvia mais nada. Tinha acabado de perder os sentidos de vez.
(...)
- SÓNIA, SÓNIA! - gritei, com todas as minhas forças. Ela tinha fehcado os olhos, ela tinha adormecido. Senti a pulsação, ainda estava a respirar. Fiquei ali, a chorar por ela. Não, ela não podia ir embora, a minha melhor amiga não podia desaparecer! Estava tudo tão perfeito agora, porquê estragar tudo? Ela era forte, ela ia conseguir aguentar tudo!
Ouvi a sirene a chegar. Uma ambulância do INEEM tinha chegado, pediu-me para me afastar. Os homens puseram-na numa maca e levaram-na. Eu agarrei nas nossas coisas e fui com eles. Uma senhora que estava a tratar da Sónia pediu ao colega para tratar dela e sentou-se ao pé de mim, para me acalmar.
- Vá, tenha calma...como é que se chama?
- Joana. Joana Costa.
- Pronto, Joana. Conte-me o que é que aconteceu na praia.
- Nós viemos as duas à praia, e ela decidiu ir para as rochas, não sei porquê. E eu, feita estúpida, fui tomar banho em vez de ir com ela! E ela desiquilibrou-se não sei como e caiu para as rochas! - Oh meu Deus, eu só sabia chorar e olhar para a cara da Sónia.
- Posso tratar-te por tu? - disse que sim. - Olha, tens de te acalmar. Nós vamos fazer os possíveis para curar a tua amiga. Tu salvaste-a de acontecer algo muito pior, porque ligaste para nós e tiraste-a de dentro d'água, okay? Não te sintas culpada, porque a culpa não foi tua, Joana. Vai correr tudo bem e ela vai ficar boa, vais ver.
- O que é que lhe pode acontecer?
- Bem, ela pode ficar em coma...ou pode acordar e perder a memória.
- Oh meu Deus...
- Pronto, mas ainda não se sabe nada, sim? Tem calma...
E eu calei-me. Não conseguia fazer mais nada, a não ser pedir a Deus para que ficasse tudo bem. Se lhe acontecesse alguma coisa, eu nunca mais me perdoaria a mim mesma.
Chegámos ao Hospital, levaram-na para dentro. A médica que lá estava, depois de apresentações feitas disse que ela ia ser levada para o bloco operatório e que eu tinha que esperar provavelmente muito tempo. Como queira, desde que ela ficasse bem, eu esperava o tempo que ela quisesse. Mas estava a esquecer-me do mais importante, de ligar ao pessoal de lá de casa, que devia estar preocupado. Com isto tudo, já eram nove da manhã. Decidi ligar para o Gustav, que era o que de certeza já estaria acordado.
- Estou?
- Estou? Gustav?
- Ah, és tu Joana! Estavamos todos preocupados contigo e com a Sónia. - começei a chorar, e ele apercebeu-se disso. - Joana? Está tudo bem? Porque é que estás a chorar?
- Eu odeio-me, eu odeio-me tanto, mas tanto...
- Mas o que é que se passou? Conta!
- A Sónia....
- O que é que tem a Sónia?
- Ela... - e senti alguém tirar o telefone do Gustav. Era o Georg que falava agora.
- O que é que a Sónia tem? Diz!
- Georg, perdoa-me, perdoa-me!
- MAS O QUE É QUE SE PASSOU?
- ELA CAIU DAS ROCHAS DA PRAIA E ESTÁ NO HOSPITAL, A SANGRAR DA CABEÇA E PROVAVELMENTE VAI ENTRAR EM COMA. - e chorei, chorei imenso, não queria que isto acontecesse, mas aconteceu. Teria sido muito mais fácil se tivesse sido o Gustav a falar, mas agora já estava.
Desligaram o telefone. Odeio-me mesmo asério.

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